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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A química da sonegação --> 'Roaming' no Brasil é um dos mais caros do mundo --> Justiça do Trabalho custa R$ 61,24 a cada brasileiro --> A Agricultura no lixo



HÁ CINCO ANOS

Não é por muito madrugar que amanhece mais cedo

Na fazenda fina, é que a mancha pega

A química da sonegação - http://4mail.com.br/Artigo/ViewFenacon/008842037128118

    A Polícia Federal e a Receita Federal realizaram ontem a Operação Alquimia, uma das maiores ações no país contra a sonegação. Na operação, as autoridades fizeram uma verdadeira devassa em um dos principais grupos do ramo de produtos químicos e termoplásticos em atuação no Brasil. Segundo a Receita, as empresas do grupo Triflex e Sasil, do empresário Paulo Sérgio Costa Pinto Cavalcanti, com sede na Bahia e atuação nacional, e um de seus braços, a Varient, que até o ano passado pertencia à Braskem - empresa da Odebrecht e da Petrobras -, teriam deixado de pagar R$1 bilhão em impostos. A dimensão do rombo levou a PF a sugerir à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional uma ação solicitando a intervenção judicial das cerca de 300 empresas ligadas ao Sasil.
    Os agentes federais prenderam 23 pessoas, a maioria na Bahia, e tomaram o depoimento de outras 45. Além das prisões, o juiz Bruno Savino, da 3ª Vara Federal da subseção de Juiz de Fora (MG) - cidade onde as investigações começaram, há nove anos -, determinou o sequestro de bens de empresários e empresas envolvidas com o esquema. O prejuízo final aos cofres públicos ainda será divulgado, após a análise de documentos e computadores recolhidos ontem em 17 estados e no Distrito Federal, por meio de 192 mandados de busca e apreensão.
    Entre os bens bloqueados pela Justiça estão carros de luxo, aeronaves, frotas de caminhões, imóveis, instalações industriais, dinheiro depositado em conta, uma lancha, oito jet skis e até uma ilha particular de 20 mil metros quadrados localizada na Baía de Todos os Santos, em Salvador.
    Segundo a PF, a fraude ocorria da seguinte maneira: empresas de fachada abertas em nome de laranjas adquiriam produtos e insumos químicos nacionais e importados - como ácido sulfúrico, parafina, álcool etílico, entre outros produtos usados em diversos segmentos da indústria brasileira, como os de embalagens, alimentos, bebidas, mineração, automobilístico, construção civil e petróleo. As empresas de fachada não pagavam os impostos federais e estaduais devidos por causa dessas transações e revendiam os produtos às principais empresas do grupo.
    Quando as firmas em nome de laranjas eram autuadas por órgão de fiscalização tributária, simplesmente decretavam falência e a impossibilidade de resolver o débito com o Fisco. Os laranjas eram pessoas de origem humilde e alguns deles também foram detidos ontem. Como a lei não permite que impostos incidam novamente sobre os produtos - para evitar a dupla tributação - eles circulavam no mercado normalmente, sem que qualquer valor fosse recolhido pelos órgãos públicos. Só entre 2005 e 2009, cerca de 30 empresas laranjas - a maioria com o mesmo endereço social - teriam movimentado cerca de R$500 milhões.
    - O sequestro de bens garante que os cofres públicos sejam ressarcidos de valores que não foram pagos pelas empresas que pertencem a esse grupo, investigadas por nós desde o fim da década de 90. Este é o grande salto da operação - disse o superintendente da Receita Federal em Minas Gerais, Hermano Machado.
    Apesar do bloqueio, os proprietários não serão impedidos de utilizar os bens, porque a PF entende que eles poderiam se deteriorar em caso de confisco. Se os donos forem condenados, esses itens poderão ser levados a leilão. Mas nem por isso os acusados ficarão na miséria. O grupo contava com empresas sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal, o que para a PF torna quase impossível a missão de resgatar eventuais bens que se encontram no exterior.
    Desde 1973 a Sasil Comercial e Industrial de Petroquímicos atua na venda e distribuição de produtos químicos, resinas termoplásticas e sucroálcool. Subsidiária da holding Stahl Participações Ltda, possui filiais em 12 estados e depósitos por todo o Brasil. A compra da Varient, em 2010, fez com que a Sasil se tornasse a distribuidora oficial de diversos produtos da Braskem. As operações de venda e as relações entre as empresas também estão sendo investigadas
    - A operação foi centrada em Minas Gerais porque a investigação começou aqui, a partir de uma das empresas laranjas, instalada em Juiz de Fora - disse o delegado Marcelo Freitas, coordenador da operação.   
    Réus responderão por vários crimes
    Em apenas 11 das quase 300 empresas ligadas ao grupo, que inclui fundos de investimentos e factorings, a Receita Federal já conseguiu apurar uma dívida de R$120 milhões com o Fisco. A PF acredita que existam também débitos milionários relacionados a tributos estaduais, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Os réus responderão pelos crimes de sonegação fiscal, fraude à execução fiscal, formação de quadrilha, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
    Os agentes da PF e os auditores da Receita passaram o dia recolhendo material nas sedes da Sasil e Triflex. Ironicamente, na fachada da Triflex Indústria e Comércio de Termoplásticos há uma placa anunciando que a empresa é incentivada pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e acrescenta: "Benefício fiscal, redução do imposto de renda".
    As empresas ficam numa rua de trânsito movimentado de carretas no Porto Seco Pirajá, Região Metropolitana de Salvador. Os policiais chegaram no local no início da manhã. Armados, pularam os muros e abriram os portões para que os auditores da Receita fizessem seu trabalho de recolhimento das provas. Cinco auditores saíram por volta das 17h10m com mochilas e pastas com documentos. Eles não deram entrevista e entraram numa van onde estava colado no para-brisa o cartaz com a identificação da operação: "Receita Federal do Brasil, coordenação-geral de Pesquisa e Investigação - Operação Alquimia - Equipe BA-14". No pátio da Sasil, agentes federais e auditores entrevistavam funcionários da empresa.
    Um empregado que observava a movimentação do lado de fora das empresas confirmou, pedindo para não ser identificado, que Cavalcanti é mesmo dono da ilha apreendida na Baía de Todos os Santos e que mais de 200 funcionários trabalham nas empresas do grupo. Ele disse ter ficado assustado com a operação da PF, mas que a orientação é continuar trabalhando mesmo com o dono preso.
    Os funcionários que ainda não haviam chegado ao trabalho foram impedidos de entrar. Os que já estavam nas empresas foram sendo liberados aos poucos. O caminhoneiro Vladimir Antonio Borges, que viajou quatro dias do Polo Petroquímico de Triunfo, no Rio Grade do Sul, para entregar uma carga de 15 toneladas de polipropileno, foi orientado a descarregar o material somente hoje. Ele já recebeu pelo frete em Triunfo, mas calcula um prejuízo de R$1 mil, com o inconveniente, pois iria voltar para o Rio Grande do Sul ontem, com uma carga de mármore e só poderá fazê-lo hoje.

 'Roaming' no Brasil é um dos mais caros do mundo - http://4mail.com.br/Artigo/ViewFenacon/008786036797070
    A tarifa cobrada pelas operadoras de celular dos brasileiros que usam o serviço fora do país, o chamado roaming internacional, ainda é uma das mais altas do mundo. Uma consulta às principais operadoras do país (Tim, Vivo, Claro e Oi) mostra que, em média, o preço cobrado por cada minuto em ligações dos Estados Unidos para o Brasil é de R$5,86. Nas chamadas originadas na Europa, o valor médio sobe para R$7,23. Pesquisa realizada no site da AT&T, uma das maiores empresas de telefonia dos EUA, aponta para um valor de R$3,60 (US$2,29) por minuto de uma ligação feita, ou recebida, a partir do Brasil. O valor pago pelos brasileiros no exterior é 62,78% maior que a tarifa cobrada dos americanos.
    No caso dos usuários da Inglaterra, a operadora Orange cobra R$4,63 por minuto em ligações originadas em qualquer estado brasileiro, o que torna a tarifa paga pelos brasileiros 56,15% mais cara. Todos os valores referem-se a tarifas avulsas que podem ser reduzidas na medida em que o consumidor optar por contratar pacotes de minutos oferecidos pelas empresas.
    A preocupação com os preços pagos pelos brasileiros que precisam ativar celulares no exterior é antiga. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), por meio de sua Superintendência de Serviços Privados (SPV), trabalha em um projeto desde 2009 para reduzir o peso desse serviço no bolso dos usuários brasileiros. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bid) fez um estudo, em 2009, mostrando que, um ano antes, a média de preço do minuto pago pelos brasileiros no exterior chegava a R$10. O trabalho, porém, ainda não foi atualizado.
    Os exageros nos valores desse serviço também motivaram reclamações do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Na quarta-feira, ele disse que o governo quer abrir uma negociação entre a Anatel e as operadoras de telefonia para uma redução nos valores cobrados pelo uso de celulares por brasileiros no exterior. O ministro também mostrou preocupação com o custo do roaming internacional para os estrangeiros que devem visitar o Brasil durante a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
    Para o presidente da Teleco (consultoria especializada em telecomunicações), Eduardo Tude, a princípio o governo não tem como interferir nesses preços, uma vez que eles são fixados pelas operadoras em seus países de origem. Ele cita também a questão da dupla tributação que puxa os preços para cima.
    Pacotes podem reduzir custo das ligações
    Além do serviço funcionar como uma forma de as empresas aumentarem suas receitas em momentos de grande fluxo de viajantes, como os grandes eventos que estão previstos para o Brasil. Uma das saídas, segundo ele, é o Brasil fazer acordos de roaming por áreas de países, como no Mercosul.
    - Uma redução nos valores só poderia ser viabilizada por áreas de países. Uma ação envolvendo os governos e operadoras no Mercosul, por exemplo - disse ele.
    Por enquanto, Tude sugere aos usuários utilizarem os pacotes promocionais das operadoras. Os usuários também podem alugar celulares que funcionam nos Estados Unidos ou nos países da comunidade europeia, de empresas que operam aqui no Brasil. Outra opção é comprar um chip da operadora no país de destino.
    
Justiça do Trabalho custa R$ 61,24 a cada brasileiro - O Estado de S. Paulo

    Se o Estado resolvesse pagar todas as reclamações trabalhistas, sairia mais barato do que manter a estrutura da Justiça do Trabalho em funcionamento. Em 2010, a despesa foi de R$ 61,24 para cada brasileiro, 8,64% a mais do que no ano anterior (R$ 56,37), totalizando R$ 11,680 bilhões. Em igual período, foram pagos aos reclamantes R$ 11,287 bilhões, ou 10,3% mais que em 2009.
    Os dados são do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e indicam que, mesmo com a arrecadação de R$ 3,137 bilhões decorrentes das decisões, o custo é alto. O contribuinte sustenta uma enorme estrutura, com 1.377 varas e pelo menos um tribunal em cada Estado (exceto Acre, Roraima e Tocantins), além do TST.
    E os números vão crescer. A presidente Dilma Rousseff autorizou 68 novas varas do trabalho em São Paulo e 2 no Maranhão. "Não será criando novas varas que se vai resolver o problema", diz o advogado Almir Pazzianotto Pinto. "Quanto mais botequim, mais pinguço - ou seja, a afluência de processos aumenta."
    Para Artur Henrique, da CUT, a atual quantidade de processos reflete a falta negociação no local de trabalho. Segundo ele, as empresas que têm comissão ou representação sindical enfrentam menos ações, já que boa parte dos conflitos é resolvida sem intervenção judicial.

A Agricultura no lixo - http://4mail.com.br/Artigo/ViewFenacon/008767036593076

    Comida que deveria alimentar os pobres jogada fora, pedidos de propina, fraude em licitações, relação com lobista-traficante, denúncia de enriquecimento ilícito... Ele pode continuar ministro diante de tantas acusações?
    Vamos à primeira história. À frente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), uma estatal de orçamento bilionário vinculada à Agricultura, Wagner Rossi atentou, numa só tacada. contra a legislação eleitoral e a dignidade dos cidadãos. No fim de 2007, sob a presidência dele, a Conab doou 100 toneladas de feijão à prefeitura de João Pessoa, então comandada por Ricardo Coutinho, do PSB, hoje governador da Paraíba. O feijão foi remetido à capital paraibana para ser distribuído entre famílias de baixa renda. Só que havia uma eleição no horizonte. Em vez de doar o feijão de imediato, a prefeitura decidiu guardar o estoque. Afinal, 2008 seria ano eleitoral, e o então prefeito concorreria à reeleição. Funcionário da Conab na Paraíba há 27 anos, Walter Bastos de Souza descobriu a mercadoria escondida e resolveu denunciar o malfeito. Em abril de 2008, telefonou para a sede da companhia, em Brasília, e conseguiu falar com o presidente. O funcionário relatou o ocorrido e ouviu de Wagner Rossi a promessa de que providências seriam tomadas. Walter Bastos conta que, desde o telefonema, passou a "vigiar" o estoque de feijão. Ele tinha certeza de que, mais cedo ou mais tarde, conseguiria uma prova de que a mercadoria doada pelo governo federal seria usada, sim, na campanha eleitoral, como moeda de troca por votos.
    A previsão se confirmaria. Em setembro, cinco meses depois da denúncia, e a dias do primeiro turno das eleições, o funcionário da Conab recebeu a informação de que o feijão seria, enfim, distribuído. Ele resolveu, então, alertar a Polícia Federal e a Justiça Eleitoral. Para evitar o flagrante, conta, a prefeitura resolveu sumir com a prova. Resultado: 8 toneladas do produto que estavam num dos armazéns da prefeitura acabaram no lixo. Literalmente. Levado em caminhões da prefeitura, o feijão foi despejado no aterro sanitário de João Pessoa. A cena do lixão inundado pelos grãos de feijão foi registrada em vídeo (assista em VEJA.com). Um escárnio para um país que, nos cálculos do próprio governo, ainda tem 16 milhões de miseráveis - gente que ganha menos de 70 reais por mês e, não raro, não tem comida à mesa. A história chegou a ser explorada paroquialmente como simples denúncia contra o então prefeito. Mas é muito mais grave: tratava-se de um flagrante do uso político da Conab para favorecer aliados do governo federal. Wagner Rossi, que nada fez ante a denúncia formulada havia cinco meses pelo funcionário, resolveu agir depois que a notícia veio à tona. Punindo os responsáveis pelo crime? Não. Punindo o denunciante. Walter Bastos foi afastado por dezesseis dias e até hoje responde a processo sob o argumento de que expôs a imagem da Conab publicamente. A denúncia, segundo o ministro informou em nota, era vazia. Alguém aí está ouvindo a risada do Coringa? "O feijão ia ser usado para fazer política. Denunciei ao próprio Wagner Rossi a irregularidade e fui punido por isso", afirma o funcionário.
    Expor as maracutaias na Conab não interessa em nada aos políticos que até hoje se revezam no comando da companhia. Num acesso de sinceridade, o ex-presidente da Conab Alexandre Magno Franco de Aguiar, que sucedeu a Rossi na empresa e hoje é seu assessor especial no Ministério da Agricultura, confessou a VEJA que o próprio Rossi usou o expediente de distribuir alimentos para obter votos, inclusive para favorecer eleitoralmente o filho, Baleia Rossi, deputado estadual e presidente do diretório do PMDB de São Paulo. "Ele ligava para o pai, o pai dele ligava para mim, se tivesse de resolver alguma coisa. Ele (Wagner Rossi) foi presidente lá. Pô, ele sabe como funciona", disse Alexandre Magno em entrevista gravada. Havia pedidos de liberação de alimentos? "Lógico. Do ministro, das prefeituras dele." Ao se dar conta de que havia falado demais, Magno emendou: "Mas liberávamos para todos os partidos, não era só para os aliados, não". O deputado Baleia Rossi afirma que nunca fez pedidos à Conab para atender aliados políticos, mas que costuma orientar "tecnicamente" prefeitos interessados em receber alimentos da companhia.
    Segunda história. Já no cargo de ministro da Agricultura, para o qual foi nomeado por Lula em março de 2010 (sim, ele é mais um problemático ministro que a presidente Dilma Rousseff herdou do antecessor), Wagner Rossi não tardou em implantar seu jeito de lidar com a coisa pública. VEJA apurou um caso assombroso, ocorrido durante uma audiência oficial, na Esplanada dos Ministérios. Em 8 de dezembro do ano passado, a Comissão de Licitação do Ministério da Agricultura estava reunida para abrir as propostas técnicas de quatro empresas que disputavam um contrato para prestar serviços de comunicação à pasta. A reunião se desenrolava normalmente, com a presença dos representantes das empresas, quando um deles levantou o dedo para fazer uma denúncia grave. Disse, em alto e bom som, diante de seus concorrentes e de cinco funcionários da Comissão de Licitação, que aquilo ali não passava de um jogo de cartas marcadas. Para surpresa dos presentes, ele falou mais: que já estava acertado um "pagamento de 2 milhões de reais ao 8° andar". Nesse 8° andar fica o gabinete do ministro.
    "Ele disse que todos ali no ministério estavam comprados. Comprados, lembro-me bem do termo", conta um dos servidores públicos presentes à reunião, sob a condição de anonimato. Diante da acusação gravíssima, o então presidente da Comissão de Licitação, Israel Leonardo Batista, comunicou que registraria a declaração em ata e que encaminharia o documento à Polícia Federal. Não demorou e Israel foi chamado na sala da então coordenadora de logística do ministério, Karla Carvalho. Israel conta que ouviu dela uma ordem expressa: não era para registrar nada daquilo em ata - muito menos relatar o ocorrido à Polícia Federal. Diz ele: "O representante da empresa afirmou na reunião que estava tudo combinado para pagar 2 milhões de reais ao pessoal do 8° andar. A Karla me chamou e pediu para retirar isso da ata e não denunciar à polícia". Israel afirma que, como era subordinado a Karla, se viu obrigado a acatar a determinação. Mas a licitação foi suspensa. Karla já era, na ocasião, figura de confiança do gabinete de Wagner Rossi. De lá para cá, ela só cresceu na hierarquia interna: Até a semana passada, era chefe de gabinete da poderosa secretaria executiva do Ministério da Agricultura. Trabalhava diretamente com o famoso Milton Ortolan, o número 2 da pasta, braço direito de Wagner Rossi há 25 anos que acabou demitido horas após a última edição de VEJA chegar às bancas, com revelações sobre as lambanças do lobista Júlio Fróes. Na última semana, descobriu-se que o lobista tem um passado criminoso. Ele foi preso em 1992 por tráfico de cocaína.
    Procurada por VEJA, Karla disse que não participou da reunião, mas confirmou que foi informada por Israel das pesadas denúncias de corrupção feitas pelo empresário. Teria, então, determinado a ele que registrasse as acusações em ata. Na versão dela, foi o subordinado que se recusou a fazê-lo. Por causa disso, diz Karla, ela também não informou nem o ministro nem a Polícia Federal da acusação de pagamento de propina a Wagner Rossi. Diz a servidora: "Você não concorda comigo que, para eu tomar qualquer atitude, como pedir uma investigação, a acusação teria de estar registrada? Seria uma obrigação levar o caso adiante, mas não houve uma formalização da denúncia. Você não concorda comigo?". Nem mesmo os antigos integrantes da Comissão de Licitação, subordinados a Karla, concordam. Conta um deles: "Quando a gente apontava erros nos processos, eles, os superiores, mandavam seguir adiante, sem as devidas correções. Havia pressão para beneficiar determinadas empresas. A Karla sempre deu ordens em nome do Ortolan e do ministro Wagner Rossi". A demissão de Ortolan foi uma tentativa de livrar Wagner Rossi da degola.
    Não bastassem as suspeitas que rondam seu gabinete na Agricultura, o ministro ainda tem esclarecimentos a prestar sobre sua atuação na Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), cargo ao qual chegou também pelas mãos do amigo Michel Temer. Quando era presidente da Codesp, uma estatal, Wagner Rossi descobriu que empresas contratadas pelo Porto de Santos tinham uma dívida de 126 milhões de reais com a Previdência. Em vez de exigir que acertassem as contas, decidiu pagar ele mesmo a fatura - com dinheiro público, claro. Alguns contribuintes, obviamente, não gostaram do remédio adotado. Recorreram à Justiça, e Wagner Rossi hoje figura como réu numa ação popular na Justiça Federal de Santos. A denúncia - por "administração temerária, conduta suspeita e má-fé" - foi apresentada em 2001 ao Ministério Público Federal por dois vereadores do hoje aliado PT. A lista dos supostos beneficiários do dinheiro público inclui 99 empresas privadas. Essa terceira história pode ser resumida assim: como as contas da Codesp estavam bloqueadas judicialmente por causa dos impostos previdenciários devidos por fornecedoras suas - tal como prevê a legislação, que, assim, procura proteger os trabalhadores vítimas do calote dos empregadores -, a estatal fez um acordo com as empresas. Os débitos seriam quitados pela companhia e posteriormente ressarcidos por elas.
    Segundo o Ministério Público, somente a primeira parre da combinação foi cumprida. Em 2005, seis anos depois do acordo, a Codesp havia recebido apenas 20000 dos 126 milhões de reais. O procurador da República André Stefani Bertuol resume o caso: "O comportamento da União ao assumir tamanha dívida pode ser considerado ilegal e, seguramente, imoral, uma vez que ofende as boas regras da administração, dos princípios de Justiça e da ideia comum de honestidade. E o pior é que tudo foi feito às escondidas". O processo no qual Rossi é listado como réu ficou arquivado por nove anos, mas foi reaberto por decisão do Tribunal Regional Federal de São Paulo em outubro do ano passado. Em julho, a Justiça intimou Wagner Rossi para contestar a ação. A Codesp informou que só se posicionará quando tomar ciência dos últimos desdobramentos do processo. O ministro explicou que autorizou o pagamento porque era corresponsável pela dívida, e, segundo ele, o acordo não causou nenhum prejuízo aos cofres públicos.
    A maioria dos políticos brasileiros enriquece. sem que para isso tenha herdado fortuna, ganho na loteria ou feito uma carreira profissional brilhante em alguma área produtiva. Com Wagner Rossi não é diferente. Em 1982, quando concorreu pela primeira vez a deputado estadual, o ministro tinha uma vida modesta de professor universitário. Morava em uma casa de classe média, em Ribeirão Preto, tinha uma Kombi, uma Belina e um Fusca laranja, o veículo que utilizou durante a campanha. Era todo o seu patrimônio declarado. "Ele não tinha dinheiro nem para bancar os santinhos", afirma João Gilberto Sampaio, ex-prefeito de Ribeirão Preto. Com pouco dinheiro, recrutou familiares e amigos para pintar cartazes e distribuir panfletos na cidade. Depois de dois mandatos como deputado estadual, três como deputado federal, da presidência da Codesp, da presidência da Conab e de pouco mais de um ano como ministro (funções cujo salário máximo é de 26000 reais), a sua ascensão patrimonial impressiona. O homem do Fusca laranja e sua família são, hoje, proprietários de empresas, emissoras de rádio, casas e fazendas. Wagner Rossi mora numa das casas mais espetaculares de Ribeirão Preto, no alto de uma colina, cercada por um bosque luxuriante. Ao todo, a área tem 400000 metros quadrados. A mansão foi adquirida em 1996, quando ele era deputado, numa permuta com um grande usineiro da região. Em 2001, quando Wagner Rossi presidia a Codesp, a casa foi transferida por apenas 150000 reais à Grow Incorporação e Desenvolvimento - empresa em nome de parentes do ministro. Corretores de imóveis consultados por VEJA avaliaram a propriedade em 9 milhões de reais. Tudo, nas palavras do ministro, obtido com o esforço de cinquenta anos de trabalho e uma herança recebida. "Ele sempre viveu da política e, com ela, se tornou um milionário", acusa o ex-deputado Fernando Chiarelli. O ex-parlamentar, desafeto do ministro, pode estar cometendo uma leviandade. Mas uma coisa é certa: em décadas na política e adjacências, Wagner Rossi não cuidou nada bem do dinheiro público. Em compensação, ele prestou uma atenção danada àquele que foi parar no seu bolso.
 
Relaxe/Curiosidades

Duas mulheres conversando no cabeleireiro:
- Nossa, que anel bonito! É diamante?
- Não, ganhei do meu marido mesmo!

Orgulhoso, o pai exibe seus trigêmeos recém-nascidos a um amigo.
— O que acha? — Pergunta.
— Bem, se eu fosse você — diz o amigo, — ficaria com este aqui.

 Por que os pilotos camicazes usavam capacete?
Em aviões, os capacetes nunca foram utilizados para proteger os pilotos em casos de acidentes. No início da história da aviação, eles serviam para manter aquecida a cabeça dos pilotos, que voavam em cabines abertas. Mais tarde, já em cabines fechadas, eles tinham a finalidade de acomodar fones de ouvido e microfones, permitindo a comunicação dos pilotos com a base por meio de rádio. Para os camicazes, os capacetes funcionavam como o canal os dirigia até seus alvos.

Designer alemã cria linha de roupas feitas com leite azedo
Anke Domaske, uma designer alemã, usa leite azedo para criar belos vestidos eco-friendly. Combinado suas duas paixões - ciência e moda – ela lançou a linha de roupas à base de leite, a Mademoiselle Chi Chi.
Domaske, que costumava dividir seu tempo entre estudar microbiologia e moda, passou anos desenvolvendo a fórmula perfeita para os vestidos feitos de leite. A produção do tecido ocorre em uma fábrica onde as fibras de leite são transformadas em fios de proteína.
"O leite é subestimado porque as pessoas só veem como um gênero alimentício. Mas você pode fazer muito mais com ele. Leite é uma maravilhosa matéria-prima natural", explica a designer no site da marca.
Ela espera que o leite possa se tornar uma alternativa ao algodão nos próximos anos, já que leva apenas uma hora para produzir e dá uma ótima finalidade ao leite azedo.
A Madamoiselle Chi Chi existe desde 2003 e conta com a atriz Mischa Barton como fã da marca. Domaske está no processo de criação também de uma linha masculina para a marca.

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