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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

o milheiro de tijolos - Helio e Selma Amorim*


Já são mais 30 milhões os brasileiros transportados das classes menos favorecidas para um espaço social menos espoliado, rotulado de classe média.
Essa ascensão social vai reduzindo de forma consistente e sustentável o contingente dos mais pobres que ainda são muitos. O processo não pode ser interrompido, antes acelerado.
A ruptura progressiva com a histórica reprodução social que condenava à pobreza quem nasce pobre não é ainda bem percebida pelas classes mais favorecidas. O rico não mantém normalmente relações pessoais mais profundas com os pobres, pouco sabe da sua vida cotidiana e suas aflições. Vamos tentar explicar.
Severino, operário, acorda às quatro da manhã em seu barraco miserável que ele sonha melhorar quando puder comprar um milheiro de tijolos. Anda a pé um quilômetro para alcançar o ônibus apinhado que vai deixá-lo em jejum na estação do trem que, por sua vez, o levará ao centro da cidade onde comerá um pão seco e uma média de café-com-leite, para aguentar mais uma condução até a obra em que trabalha das sete às cinco.
Ele está trabalhando na construção de uma casa confortável, bem diferente do seu barraco que precisa de um milheiro de tijolos para ser melhorado.
Às nove horas chega o proprietário para visitar as obras. Acordou às sete, tomou banho, café da manhã caprichado, uma leitura rápida de jornal porque quer passar na obra antes de ir para o trabalho. Avisou à secretária que vai chegar um pouco atrasado, desce à garagem, pega o carro, o trânsito está bom, chegou na obra. Os olhos revelam uma noite bem dormida.
Reclama com o mestre que o serviço está lento, pede mais qualidade e produtividade, palavras mágicas da modernidade, “porque já gastou um dinheirão e as obras não andam”. Então avisa que resolveu aumentar a sala. Manda desmanchar duas paredes e crescer a varanda. “Vamos perder mais de um milheiro de tijolos”, previne o mestre, “fora a mão de obra”. “Mas compensa”, responde. “Minha mulher vai ficar satisfeita com a sala maior”. Mais uma vez reclama da indolência do pessoal, pega o carro e desaparece na esquina.
Pela ótica do apressado senhor, gentilmente interessado em agradar a esposa, trata-se de uma pequena modificação que lhe dará um insignificante prejuízo perfeitamente suportável e compensador. Já esqueceu a breve intervenção e se volta então para os compromissos profissionais do dia que para ele só agora vai começar. Nem lhe passa pela cabeça que o privilégio de construir uma casa só é possível pelos baixos salários do Severino e dos seus companheiros. Se tivesse que pagar o justo salário a todos os que precisam trabalhar para que aquela casa exista, o seu custo seria muitas vezes maior, e ele não poderia mandar construí-la. Tampouco conseguiria entender que mandar derrubar algumas paredes e aumentar uma sala pudesse causar estranheza em alguém. Afinal não está pagando?
Para o espantado Severino, esse pequeno episódio tem um significado incrível e absurdo. Para que aumentar ainda mais essa sala imensa, onde caberia duas ou três vezes o barraco inteiro, a mulher e os filhos do Severino? E os três dias de trabalho jogados fora para construir aquelas paredes que ele mesmo vai agora desmanchar? Três dias de trabalho significam, para ele, três madrugadas de andanças, ônibus, trem, pão e café-com-leite para agüentar o batente, três marmitas magras, trabalho duro até as cinco, três viagens de volta e noites de pouco sono, para produzir aquilo que agora um simples capricho manda destruir. E os mil tijolos perdidos que um dia ele espera conseguir para ajeitar o triste barraco? Severino começa a compreender melhor a profunda injustiça que existe por trás dessas paredes que já está derrubando.
Dos eleitos em outubro queremos que entendam o que representam mil tijolos para o Severino, e avancem em políticas e programas de transferência de renda e redução de disparidades sociais escandalosas, privilegiando os mais pobres que ainda não foram beneficiados e permanecem vivendo em condições desumanas.
*Membros do MFC - Movimento Familiar Cristão e Instituto da Família - INFA.
p.s.
Nosso comentario: Parabenizamos sempre Hélio e Selma, nossos gurus do MFC, lembrando que nosso trabalho é este, levar formação e informação sempre.
Dentre as várias metas do MFC temos:
     Educar no senso crítico ante os problemas sociais. Não ficar parado, achando que as coisas acontecem por acaso, mas parar, analisar, e tomar atitudes. Para tanto, são propostas várias linhas de ação.
     - se a família é a célula-mãe da sociedade, não podemos pensar apenas em resolver nosso problema, mas em transformar, ajudar outras famílias.
     - educar todo mundo no amor: eis a raiz da solução de todos os problemas. Com as armas da fé e do amor, teremos condições de empenhar-nos em lutar pela justiça. Por que? Porque somos um só povo, somos cristãos adultos, "e não crianças", e portanto agente de transformação.
     - esforçar-se para que todo homem, independentemente de sua religião, leve uma vida digna. E esforçar-se não significa "torcer", mas tomar medidas; denunciando o que não está certo, conversando, animando...
     - procurar não deixar-se instrumentalizar por ideologias políticas: isto é, não confundir os ideais evangélicos com a doutrina de um determinado partido político. O casal cristão luta e trabalha por uma transformação da sociedade segundo o exemplo de Jesus Cristo, e não para tirar vantagens políticas.
  
LEMBREMOS: ENSINO FUNDAMENTAL PUBLICO DE QUALIDADE, DEVERIA SER A META DOS GOVERNOS, QUE PROPOSITADAMENTE DEIXAM A SITUACAO DO JEITO QUE ESTÁ, ENDEUZANDO A UNIVERSIDADE PUBLICA, LEVANDO O POVO A PENSAR QUE ESTAO INVESTINDO EM EDUCACAO, DEIXANDO COM QUE MILHARES E MILHARES DE JOVENS SE FORMEM SEM CONHECIMENTO, SEM LEITURA, SEM PERSPECTIVA DE VIDA, PARA QUE  POSSAM SER COMPRADOS UM DIA, COM SALÁRIOS, BENEFÍCIOS E BOLSAS-TUDO, E CONTINUEM VOTANDO EM QUEM ELES INDICAM. NAO OLHEMOS PARA NOSSO PRÓPRIO UMBIGO, POIS AO NOSSO LADO TEMOS PESSOAS QUE SOFREM COM OS DESCALABROS DOS DESONESTOS. SE PRESTARMOS BASTANTE ATENCAO, VEREMOS QUE AS PESSOAS QUE  NECESSISTAM TANTO DE NÓS E QUE SOFREM TANTO COM ESSA SITUACAO QUE AI ESTÁ, SAO NOSSOS PROPRIOS, IRMAOS, PAIS, FILHOS, PARENTES, VIZINHOS, AMIGOS.  

FORMEMOS AS CRIANÇAS PARA QUE NUM FUTURO PROXIMO, TENHAMOS ADULTOS MENTALMENTE SAUDÁVEIS, GOVERNANDO AS EMPRESAS, AS INSTITUICOES, OS GOVERNOS .
QUE DEUS NOS AJUDE

Um comentário:

  1. Que Deus nos ajude mesmo, porque não sei onde iremos parar se a educação continuar do jeito que está e sinceramente não acredito que exista políticos interessados em melhorá-la pois quanto mais eleitores desprovidos de informações e conhecimentos mais eles se elegerão agora e no futuro. Somente quem trabalha com educação é capaz de sentir o caos que se encontra o ensino. Professores fingindo que ensinam, alunos fazendo de conta que aprender e no final tudo está bem. É lógico que os governos aparecem com resultados bons nas avaliações dos cursos, a média das notas caíram consequentemente eles apuram em cima dos resultados que possuem em mãos. Quisera eu que aqueles políticos que tiveram uma condição de ainda adquirir bons estudos, porque tiveram oportunidades de estudar talvez no exterior ou em boas escolas, fossem para as salas de aulas que temos atualmente para pelo menos ser professor por uma hora. Ai sim eles saberiam como anda nossa educação de fato.

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